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Anatomia do Poplíteo

Por Marcus Lima em 13 de outubro de 2015

Mais um artigo da série de anatomia da Kathy Dooley, desta vez analisando a anatomia do poplíteo, ressaltando que é um músculo causador de muitos problemas, embora seja um ilustre desconhecido para muitos de nós profissionais do movimento.

Temos adaptado essa ótima série que ela escreve em seu site: Dr.DooleyNoted.com há algum tempo, Kathy ministra uma série de cursos com essa temática que ela chama de Immaculate Dissection.

 

Anatomia do Poplíteo

Kathy Dooley

 

O poplíteo é um músculo do compartimento profundo da perna. Enterrado sobre o enorme ventre do gastrocnêmio, este músculo se encontra debaixo de sua própria fáscia, na parte posterior do joelho. Ele se localiza diretamente superior ao local de inserção do sóleo.


O poplíteo é inervado pelo nervo tibial, como a maioria da cadeia cinética posterior do membro inferior. Isto significa que a função da coluna lombar – particularmente o plexo lombosacral – comanda a função deste músculo.

O poplíteo vai do côndilo lateral do fêmur (N.T: Inserção proximal) até o côndilo medial da tíbia (N.T: Inserção distal). Devido a sua natureza oblíqua, ele funciona como estabilizador e motor primário (N.T: Não sei se motor primário seria a melhor tradução, já que a Kathy usa o termo “mover”).

Sua profundidade e proximidade com a articulação, faz com que ele tenda mais a ser um estabilizador dinâmico do joelho. Seu tendão lateral é intracapsular, acentuando a sua natureza estabilizadora e suscetibilidade à impacto.

O poplíteo pode ajudar na rotação externa do fêmur se a tíbia está fixa, tornando o músculo um sinergista de músculos como: Glúteo máximo, psoas, ilíaco, sartório e os rotadores profundos do quadril (piriforme, gêmeos superior e inferior, obturadores externo e interno e quadrado femoral) (N.T: Vemos esta ação com o executante que está mais a frente na escada de agilidade, pé plantado no chão e fêmur/pelve esquerda em rotação externa).

Se o fêmur é fixo, o poplíteo pode fazer a rotação interna da tíbia. Isso faz com que ele seja um sinergista dos músculos da pata de ganso: Sartório, grácil e semitendinoso (N.T: Como na imagem do famoso chute do Bruce Lee, com rotação interna da tíbia em cadeia cinética aberta).

O poplíteo é também um sinergista do sartório e grácil no plano sagital, assistindo na flexão do joelho, mas somente no início do movimento. Portanto, outros flexores do joelho são dependentes do poplíteo na transição do contato do calcanhar à fase do balanço no ciclo da marcha.

Ele é um músculo uniarticular que fornece estabilidade. Estes fatos fazem com que ele seja propenso a compensar por músculos biarticulares, quando estes falham em executar o movimento de maneira apropriada.

Em reparos no ligamento cruzado anterior, uma abordagem posterolateral é usada frequentemente pelo cirurgião, a fim de obter acesso ao ligamento. Infelizmente, o tendão lateral do poplíteo é frequentemente cortado ou danificado, fazendo com que o poplíteo contraia concentricamente (encurtando) (N.T: Abaixo uma imagem de das estruturas posteriores do joelho direito, após a dissecação da cápsula articular).

1 – Inserção tibial do ligamento cruzado posterior.

2 – Feixe posteromedial do ligamento cruzado posterior.

3 – Feixe anterolateral do ligamento cruzado posterior.

4 – Menisco lateral.

5 – Ligamento meniscofemoral posterior (ligamento de Wrisberg).

6 – Inserção femoral do ligamento cruzado anterior (LCA).

7 – Menisco medial.

8 – Epicôndilo lateral.

9 – Ligamento colateral lateral.

10 – Inserção fibular do músculo sóleo.

11 – Músculo poplíteo.

12 – Tendão do poplíteo.

13 – Ligamento poplíteo meniscal (ligamento arqueado).

14 – Tendão do bíceps femoral (cortado).

15 – Ligamento colateral medial.

16 – Tendão do semimembranáceo (cortado).

17 – Superfície poplítea.

(N.T: A imagem acima foi adicionada a esta adaptação e não estava no artigo original).

Esta é uma das muitas razões pelas quais existe dificuldade na extensão completa do joelho no pós operatório de uma lesão no ligamento cruzado anterior, mesmo meses após a cirurgia.

O poplíteo também tem uma bursa, que muitas vezes é contínua à cápsula articular posterior do joelho. A bursa pode causar dor posterior no joelho e inchaço, assim como restrição de movimento.

Analise o poplíteo quando houver interrupção da extensão completa do joelho, especialmente quando houver inibição dos antagonistas biarticulares como o reto femoral e tensor da fáscia lata.

Também analise o poplíteo como contribuinte do valgo no joelho, já que ele pode sobrepor estabilizadores importantes do quadril como o glúteo médio.

Não se esqueça de avaliar o poplíteo para ver se há a frequente dominância que ele exerce sobre seus dois sinergistas biarticulares.

Como sempre, a escolha é sua.

 

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Artigo original: Anatomy Angel: Popliteus.

Instituto Fortius