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Anatomia da Cabeça Curta do Bíceps Femoral

Por Marcus Lima em 07 de dezembro de 2015

Mais um da série de anatomia escrito pela ótima Kathy Dooley, onde ela argumenta do porquê não considera a cabeça curta do bíceps femoral como um dos isquiotibiais.

Vale a conferida.

 

Anatomia da Cabeça Curta do Bíceps Femoral

Kathy Dooley

 

Eu tenho uma opinião forte a respeito do que faz com que um músculo seja um verdadeiro isquiotibial.

O músculo precisa preencher 3 pré-requisitos:

1 – Precisa ser inervado pelo nervo tibial, o nervo que se opõe ao nervo femoral.

2 – Precisa estender o fêmur, relativo ao acetábulo (extensão do quadril).

3 – Precisa flexionar a perna, em relação ao fêmur (flexão do joelho).

O gastrocnêmio quase consegue, ele cumpre os critérios 1 e 3.

Até mesmo o poplíteo e o plantar quase conseguem, também cumprem os critérios 1 e 3.

O adutor magno (na “porção isquiotibial”) também quase consegue. Ele cumpre os critérios 1 e 2.

A cabeça curta do bíceps femoral é geralmente aceita como um isquiotibial. Eu tenho um problema com isso. Porque ele só cumpre o critério 3.

A cabeça curta é inervada pelo nervo fabular comum, diferente dos verdadeiros isquiotibiais.

A cabeça curta não cruza o quadril, diferente dos verdadeiros isquiotibiais.

A cabeça curta do bíceps femoral está mais longe de ser um verdadeiro isquiotibial do que o músculo plantar!

Eu considero a cabeça curta como sendo o maior compensador da verdadeira função dos isquiotibiais. Este músculo cruza uma articulação, diferente dos verdadeiros isquiotibiais. Com uma inervação diferente e uma articulação a menos para cruzar, ele pode bagunçar a mecânica de todo o conjunto dos isquiotibiais.

Em cadáveres, o parte superior da porção isquiotibial do adutor magno, termina onde começa a cabeça curta do bíceps.

Quando eu vi isso, eu sabia que eles precisavam agir em conjunto como um verdadeiro isquiotibial. Mas, como diz meu amigo Jason Kapnick: – Coisas que são inervadas juntas, contraem juntas.

E a cabeça curta do bíceps femoral é inervada de forma diferente do resto da cadeia posterior, abaixo da região glútea.

Portanto, esse músculo deveria ser avaliado de maneira diferente do resto dos isquiotibiais.

A cabeça curta se insere na linha áspera do fêmur, e é separado do vasto lateral por um septo intermuscular. Este septo pode se tornar tão sensível ao toque que já vi pacientes praticamente pularem da maca. Quando isso é mal interpretado, como sendo “Síndrome do Trato Iliotibial”, explico que existe muito mais na anatomia da região do que o trato iliotibial.

A cabeça curta do bíceps precisa ser avaliada naqueles que não conseguem a extensão completa do joelho. Ainda mais importante, a cabeça curta pode comprometer a extensão completa do quadril.

A cabeça curta se junta à cabeça longa do bíceps femoral (um verdadeiro isquiotibial) algumas polegadas acima dos côndilos do fêmur. Se a cabeça curta estiver facilitada (N.T: Hiperativa), seu esforço em exercer tensão no fêmur pode comprometer a mecânica da cabeça longa do bíceps femoral no quadril.

Este músculo também pode comprometer as fases de balanço e do primeiro contato do pé no solo no ciclo da marcha, onde o músculo precisa contrair excentricamente para oferecer suporte a essas fases (N.T: Funcionando como um freio).

N.T: As fotos 2-5 mostram a ação de desaceleração que precisa acontecer durante o balanço da perna direita na corrida.

Tenho visto isso em casos de inflamação do nervo isquiático, uma vez que a cabeça curta do bíceps femoral está firmemente colocada ao longo do nervo (o piriforme leva muito crédito). Se o músculo é puxado em direção ao fêmur e a fíbula, ele é alongado ao longo do nervo isquiático, resultando em agulhadas desde a parte de trás da perna até o pé.

Espero que você comece a pensar nas cabeças longa e curta do bíceps femoral como músculos separados. São dois músculos com diferentes inervações, inserções proximais e mecânica.

Quanto à cabeça curta do bíceps femoral, espero que você adicione este músculo uniarticular à lista dos comumente facilitados.

Como de costume, é com você.


Artigo original: Anatomy Angel: Short Head, Biceps Femoris.

Instituto Fortius